Era meio-dia, o chão estava húmido com baldes distribuídos na sala de espera as pingas caiam do tecto falso, estavam cerca de 50 pessoas à espera da sua vez (contei-as pois o tempo de espera ia ser longo), o segurança lá ia chamando o numero. O aparelho das senhas estava avariado.
As pessoas pareciam estar habituadas a este ambiente. Lá ia aparecendo mais uma pessoa que encontrava logo um conhecido, aproveitando para pôr a conversa em dia, falava do tempo, da crise e das injustiças perpetuadas pelo malfadado estado do país.
Estou a referir-me a Segurança Social de Évora para quem não conhece.
Percebi que esta era uma situação muito favorável para todos os intervenientes. Passo a explicar.
Os desempregados e reformados aproveitam para pôr as novidades em dia.
Os empregados fazem o mesmo, ainda por cima não estão a trabalhar ou seja estão de folga, logo não existe necessidade de reclamar pois é uma boa desculpa para passar um bom bocado.
Os funcionários que não estão no atendimento ao público da segurança social vêem o número de processos que dão entrada limitado nos diversos serviços devido à falta de funcionários no atendimento logo também não vão reclamar.
Ou seja quem é afinal prejudicado?
São os funcionários que estão no atendimento que são uma minoria cerca de 8 para 60.000 habitantes (poderá haver mais mas locais de atendimento que eu pessoalmente desconheço, peço desculpa por algum lapso). Estes estão sobrelotados de trabalho e são obrigados a resolver todas as situações, vivem num amontoado de papéis. Um verdadeiro acto de heroísmo à Portuguesa.
O estado Português, que contabilizando perde com está extraordinária forma de organização. Como? Se considerarmos uma media de 50 pessoas em espera ao longo das 8 horas de trabalho (que é caso normal), a uma média de 1 €/hora, perfaz a módica quantia de 84.000€ anuais que Portugal perdeu num só balcão.
Nem me atrevo a multiplicar este valor por todas as repartições da segurança social e já agora das finanças pois são casos muito idênticos.
Ouso deixar a minha sugestão. Um determinado funcionário poderia ser responsável por um determinado conjunto de pessoas identificadas e constantes de uma zona de residência, de modo a que o funcionário tenha um dossier organizado seguindo a vida dessa pessoa ou família, desta forma penso que o funcionário poderá ajudar da melhor forma antevendo até possíveis situações tal como o faz um médico de família, dando liberdade a esse funcionário a de marcar horas de atendimento personalizado, trocar de emails, faxes cartas e num gabinete próprio. Será utopia?