Durante algum tempo esse tema deu-me que pensar, se por um lado o meu lado humano racional era a favor, toda a lavagem cerebral a que era submetida na escola (católica, com missas todos os dias, rezas ao pequeno almoço, almoço e lanche, quando chegava e antes de sair das aulas, etc) levava-me a optar pelo contrário.
Ao longo do tempo fui tomando consciência que a vida humana, só pode ser considerada vida se a vivermos em pleno, e não apenas porque alguns órgãos estão funcionais (ainda que com o auxílio de máquinas).
Desde 1998 que tenho o meu avô materno preso a uma cama, após várias recuperações, os AVC's repetiam-se... Deixei os meus estudos e comecei a trabalhar para poder ajudar a sustentar uma casa que entretanto aluguei para os poder ter comigo, foram várias as situações de emergência e idas ao hospital, ora porque a sonda entupia, ora porque a algália infectava, ora porque acontecia um novo AVC, sessões de fisioterapia, idas ao médico, e o meu avô, ali... imóvel, ligado ao oxigénio e sem capacidade de resposta ou de se manifestar de alguma forma, frio, calor, desconforto, qualquer emoção que ele sentisse só a podíamos ler nos seus olhos, que revirava em sinal de desespero...
Ele não quer estar assim... mas nós, família temos feito tudo por ele, dentro do possível, no entanto, se o meu avô entendesse que seria a solução, ficaríamos bastante tristes e choraríamos imenso, mas seria um consolo saber que ele já não estava ali a sofrer.
E, não querendo parecer insensível, a verdade é que nos tem dificultado algo a nossa vida, a minha avó inclusive teve de deixar de trabalhar, a casa deles teve de ser vendida (assim como os carros) e a empresa de construção dissolvida... foi uma grande volta...